Qualquer loja online que queira atrair a atenção de um investidor precisa, antes de mais nada, “fazer o básico”. E, na opinião de Eric Acher, cofundador do fundo de venture capital Monashees, criado há 12 anos que já investiu em 76 empresas, sendo 6 de comércio eletrônico, “o básico” é ter um time excelente e uma ótima visão de onde se quer chegar. Depois entram outros dois pontos importantes: diferencial competitivo e sustentabilidade do negócio. “Sem se diferenciar, sendo apenas ‘mais um’, não tem como enfrentar gigantes que já estão no mercado, como Alibaba e Amazon”, disse Eric em palestra no Fórum E-commerce Brasil, o maior evento de comércio eletrônico da América Latina que ocorreu em agosto em São Paulo.
E o diferencial, ao contrário do que muitos podem pensar, não é, necessariamente, o preço. Aliás, competir em preço pode ser, inclusive, uma má estratégia. “A margem é tão apertada que eu, sinceramente, não sei se é um bom projeto de vida”, afirma Eric.
Para ele, há outras formas mais inteligentes e eficazes de se diferenciar em um mercado já tão cheio de players. Uma delas é vender produto de marca própria. “É difícil, pois requer capital para criar a marca, mas há quem faça isso bem, como a Amaro [de moda feminina] e a Oppa [de móveis].”
Outra exemplo? Usar a tecnologia. “E não estou falando de análise e uso de dados. Isso é básico e todo e-commerce precisa fazer”, diz Eric, que cita como exemplo de bom uso da tecnologia para se diferenciar uma empresa do portfólio da Monashees. “A Madeira Madeira usa tecnologia para fazer integração direta com fornecedores e, dessa forma, a empresa não precisa ter estoque.”
Ainda na palestra que fez no Fórum E-commerce Brasil, Eric citou outro exemplo de diferenciação interessante: investir em recorrência e na lealdade dos consumidores, como faz a loja online de vinhos Wine e a Petlove, que oferece assinatura de ração para cachorro. “Normalmente a recorrência é vista em segmentos de nicho”, afirma Eric.
Já sobre a sustentabilidade do negócio, outro ponto importante analisado pelos investidores, Eric explica que o empreendedor precisa estar ciente da necessidade de seguir alguns passos para o negócio crescer. Isso significa provar o modelo de negócio – e não só apostar em um crescimento ultrarrápido. “Não é preciso dar lucro desde uando se levanta capital, mas é preciso apresentar margens brutas boas e margens de contribuição positivas e saudáveis”, explica o investidor, que reforça. “O bottom line não precisa ser positivo, porque a escala pode resolver isso.”
Eric ainda explicou que vale a pena se atentar aos diferentes perfis de investidores. A Monashees, por exemplo, é um fundo de venture capital, que faz, normalmente, investimentos “série A”. Isso significa que, nesse caso, o tamanho do mercado em que a empresa atua é importante “O tamanho da ambição conta”, enfatiza. “Venture capital é para um segmento específico de empreendedores, que querem se tornar grandes, mas há outros perfis de investidores, como o de capital semente.”
Nesse contexto, a Monashees não costuma investir em empresas em estágio muito inicial, quando o negócio é ainda uma ideia. “Precisa de histórico de tração e provar que tem produto ou serviço com um certo público”, esclarece Eric.
Assim como a Monashees, o Meli Fund, fundo de investimentos do Mercado Livre, não investe em projetos embrionaários. “Não investimos em Power Point”, enfatiza Renato Pereira, diretor de desenvolvimento corporativo do Mercado Livre. Segundo ele, para ser candidata a um aporte, a empresa precisa já demonstrar, ainda que em fase inicial, que a operação funciona, que há clientes e receita. “Pode ser um estágio inicial ou já de crescimento”, diz.
Para ser candidata a receber aporte do Meli Fund, a empresa precisa ter sinergia com o ecossistema do Mercado Livre. Isso significa apresentar uma solução relacionado ao negócio da companhia, como varejo ou logística, para citar dois exemplos. A qualidade da solução também é levada em conta, além do tamanho do problema que a startup se propõe a resolver. “Tem que ser um mercado com grande potencial de crescimento”, diz Renato.
Por fim, mas não menos importante, os investidores do Meli Fund analisam a equipe da empresa que receberá o aporte. “Negócios em estágio inicial sempre passam por mudanças e é necessário um time bom à frente da empresa para enfrentar esses momentos”, afirma Renato. “Os fundadores precisam ter capacidade de execução.”
Criado em 2013, o Meli Fund já investiu em 26 empresas. Hoje, no portfólio, há 19 marcas, sendo seis brasileiras. (...) Créditos: Blog do Mercado Pago.
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